22 de outubro de 2013

A dor maior...

... deve ser perder um filho para a morte.

Mas há uma dor que considero equivalente, senão mesmo um pouco pior.

A dor de perder um filho vivo para a auto-destruição. 

Ver um filho afundar-se nalgum processo auto-destrutivo (droga, violência, crime...). Ter que virar as costas a esse filho porque ele nesse processo auto-destrutivo nos arrasta para o fundo, nos rouba, nos violenta, nos coloca em perigo.

Ficar depois a pensar onde está esse filho perdido, se tem um tecto para dormir, se passa frio, fome, se tem alguém que o ame, se está em sofrimento, se está em perigo iminente... se está preso algures ou morto.

Deve ser muito, muito difícil dizer a um filho para ele ir embora, perceber que ajudá-lo é deixar de ser conivente com os seus crimes, com os seu abusos, com a sua destruição.

Perceber que a sua única ínfima possibilidade de rendição é bater no fundo, sofrer... e que só deixando isso acontecer lhe damos uma hipótese de vencer.

Sim, acho que apesar da esperança de sobrevivência desse filho, esse é um sofrimento pior porque é um sofrimento, uma inquietação, uma angústia constante, do qual não se pode fazer luto. 


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